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O que acontece quando você tira o café do automático depois de 32 anos

Atualizado: 13 de jun.


Mão feminina com unhas vermelhas segurando uma xícara de café preto em uma mesa elegante, com sachê escrito 'Myconian', remetendo a um momento de presença e ritual em Mykonos.
Um café em Mykonos, antes de escutar o corpo pedir outro tipo de luxo: o da presença.

Já são mais de 15 dias sem café.


E não porque algum nutricionista me recomendou, ou Dr. Carlos, meu cardiologista, me pediu, nem porque li um artigo polêmico sobre cortisol ou porque o algoritmo do bem-estar resolveu me mostrar os malefícios da cafeína.


Eu parei porque algo em mim pediu silêncio.


Pediu pausa. Presença. Reconfiguração.


Mais de 32 anos de cafezinho adoçado religiosamente pela manhã. Um gesto pequeno, mas que me acompanhava como um mantra. Uma xícara quente entre as mãos, um aroma que anunciava o dia, um pequeno prazer que se tornara inegociável.




E olha… eu sabia que ia doer.


No primeiro dia, a dor de cabeça já chegou como quem diz:

“Queridinha, você mexeu com quem não devia.”


No segundo, se alguém me chamasse de bonita na rua, eu rosnava.

Sério. Parecia viciada pedindo mais uma dose. Um gole. Um restinho no fundo da xícara.

Mas não era drama, era química. Era o meu corpo em abstinência real.


A explicação? Fisiologicamente, o café mexe com um tal de sistema adrenérgico — que é tipo um botão de alerta interno.

Você acorda, toma café, e puff: ativa dopamina, adrenalina, serotonina.

Fica ligada, produtiva, simpática até com o vizinho que buzinou.


Tira o café… e o corpo entra em pânico.

Porque ele não sabe mais onde tá o botão.


E ele grita.

Com dor de cabeça.

Com irritação.

Com vontade de xingar quem respira perto demais.


Mas aí veio o terceiro dia.


E o corpo, que no início esperneia, começa a se reorganizar.


É como se ele dissesse:

“Ok, não tem café. Mas tem ela. Ela tá presente. Tá consciente. Eu posso confiar.”


E ele para de berrar.

E começa a escutar.


E foi aí que eu percebi… que eu não precisava mais acordar ligada.

Eu podia simplesmente acordar.


Foi nesse espaço sem café que eu começei a perceber coisas.


Comecei a acordar com fome real. Coisa que eu não lembrava de sentir assim, com tanta clareza. Porque por décadas, eu tomava água e em seguida vinha ele, o café, adoçado, quentinho. E ele segurava. Ele mascarava. Ele me alimentava simbolicamente.


E ali caiu uma ficha:


O café não era só um estimulante. Era um substituto.


Era um leite quentinho da fase oral. Era memória de mamadeira, de colo, de conforto. Era também um espaço de silêncio entre o sono e a obrigação.


E isso é cultural, coletivo, vibracional.


Em um país como o Brasil, onde o café é ritual, afeto, economia e identidade, fazer essa pausa é quase uma heresia. Mas eu quis sentir meu corpo sem ele. Só por um tempo. Só para escutar.


Meu intestino, claro, reclamou. Ele sempre foi obediente ao comando do cafezinho. E nos primeiros dias ficou meio confuso. Mas depois... ele também encontrou outro ritmo.


Depois do intestino, foi o tempo que desacelerou.

Na primeira semana, eu me percebi mais lenta.

Não era cansaço, era desaceleração de fato.

Porque o café me dava um boost artificial — um tapa de adrenalina matinal que empurrava tudo pra frente, inclusive o que eu nem queria fazer.


Sem ele, parecia que a alma tava com Wi-Fi fraco de roça.

Eu acordava e pensava:

“Gente, será que o download da minha alma não vai carregar nunca hoje?”

E eu lá… sem café, esperando o espírito encarnar de vez. Kkkk


Mas eu me acolhi.

Não julguei.

Eu sabia que o corpo tava tentando lembrar qual era o ritmo original dele —aquele ritmo que não vem da cafeína, vem da presença.


Xícara de chá vazia sobre mesa de madeira clara, com flor seca e luz suave entrando pela janela, simbolizando pausa, escuta e reconfiguração do ritmo interior.
O silêncio entre um gole e outro também é medicina. Foi aqui que meu corpo lembrou que podia confiar em mim.

E aí, depois do sétimo dia, algo assentou.

Eu percebi: meu ritmo natural não era tão lerdo quanto nos primeiros dias, mas também não era tão elétrico quanto eu achava.

Era meu. E tava tudo certo.


Inclusive, percebi o truquezinho que eu fazia à tarde…

Tava com sono? Não descansava. Tomava café.

“Anima, Raquell!”

Mas agora eu vejo: eu não precisava animar, eu precisava deitar.

E esse tipo de escuta… o café calava.


Quarenta e cinco colheradas de doçura inflamatória


E tem também o açúcar.

Sim, porque eu não tomava uma xícara delicada.

Eu tomava uma caneca de café. E adoçada com três colheres de chá de açúcar.

Três, minha filha. Não era uma, não era duas. Três.


Agora segura essa:

Três colheres de chá de açúcar equivalem a mais ou menos 12 gramas. Ou seja: 15 dias = 45 colheres = 180 gramas de açúcar.

E isso porque era açúcar demerara…

Mas mesmo sendo um mascavo ou demerara, às vezes demorava — mas inflamar, inflamava do mesmo jeito. KKKK


É açúcar. Ponto.

O corpo não tá muito interessado se veio do Himalaia, da palmeira do Éden ou da cozinha da avó.

Ele só sente a carga. E guarda.

Guarda como pode. No fígado, no humor, no culote…

Em mim, especialmente no culote, diga-se de passagem. Kkkkk


E olha… eu tentei já ser gente grande.

Meu ex tomava café sem açúcar.

Minhas amigas cafeeiras tomam café sem açúcar.

Eu? Nunca fui essa pessoa.


Como diz o meme:

A pessoa que toma café sem açúcar é uma pessoa perigosa. Ela não tem mais nada a perder.

Eu ainda não cheguei lá. Mas quem sabe… numa próxima encarnação.

Ou numa próxima jornada de redescobertas!


Agora, com essa pausa, eu começei a sentir o corpo desinflamando.

Não só desinchando. Des-in-fla-man-do.


E isso vai muito além do café.


Vai pra tudo que a gente ainda toma todo dia — e não percebe.

Alimentos. Relações. Pensamentos.

A gente engole. Mas o corpo nunca mente.


E às vezes, a cura começa quando a gente tem coragem de tirar até aquilo que ama. Ou achava que amava. E percebe que tava só anestesiando… em vez de nutrir.

Eu começei a testar outras alquimias quentes. Chás. Leites vegetais com especiarias. Tônicos suaves. E começei a entender que o que meu corpo queria àquela hora da manhã não era cafeína. Era acolhimento.


Mão feminina adornada com pulseiras segurando uma caneca de cerâmica com bebida quente, em cenário aconchegante, representando acolhimento matinal e pausa consciente.
Acordar sem pressa. Aquecer o corpo sem cobrança. Acolher o silêncio antes do fazer.

E olha que curioso: moro numa cidade que produz alguns dos melhores cafés do Brasil. Tenho amigas cafeeiras. Já participei de colheita. E, há dois anos, experimentei o fruto do café pela primeira vez. Ele é doce. Sim, doce! Aquilo me desmontou. Como assim o café é doce na origem e a gente transforma em amargo pra acordar?


Talvez esse seja um resumo simbólico de tudo:


Algo doce que a gente treina o corpo pra amar amargo.


Não parei o café para sempre. Só tirei o automático. Só quis escutar.


Hoje, se eu tomar, será por prazer, por escolha, por ritual. Não por necessidade disfarçada.


Certamente vou honrar a medicina do café com muito mais consciência e reverência.


E se você estiver lendo isso com uma xícara na mão, bem adoçadinha, certo também.


A leitura do campo nunca é sobre certo ou errado.


É sobre escutar o que sua alma anda bebendo.


Com café, sem café, com alma. Sempre.



E antes de sair…

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Lembrete Sagrado (porque "disclaimer" é 3D demais para essa maga aqui):

Este texto reflete minha experiência pessoal e espiritual. Não substitui aconselhamento psicológico, médico ou financeiro. Se precisar, procure um profissional de confiança. Aqui compartilhamos liberdade vibracional, não receita universal.


2 Comments


Guest
Jun 04

Eu também senti de retirar o café, fiquei uns 3 meses sem. Senti tudo o que vc relatou...

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Raquell Menezes
Jun 05
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Uau! 3 meses?! Que incrível.

E hoje voce toma todo dia? Ou o chimarrão é o número 1? Rsrs

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